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Programa de Apadrinhamento - Promovendo vínculos e transformando vidas


 

Na busca por promover o desenvolvimento integral e garantir os direitos das crianças e adolescentes em medida protetiva de acolhimento, a Missão Sal da Terra tem se destacado por meio de seu Programa de Apadrinhamento.

 

O programa nasceu da necessidade de dar cumprimento à legislação brasileira, notadamente a Lei Nº 13.509, de 22 de novembro de 2017, que introduziu no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069 de 13 de julho de 1990 - ECA) a possibilidade do Apadrinhamento das crianças e adolescentes afastados de suas famílias, em razão de abandono, violência e/ou negligência. Em 2019, a Missão Sal da Terra ampliou sua atuação na proteção social especial da infância e adolescência, em parceria com a Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho e Habitação de Uberlândia, qualificando-se como executora da política pública de apadrinhamento.

 

O que é o apadrinhamento? 

Os objetivos do Programa de Apadrinhamento são claros e alinhados com a legislação vigente: estabelecer vínculos externos à instituição para fins de convivência familiar e comunitária, colaborando para o desenvolvimento social, moral, físico, cognitivo, educacional e financeiro das crianças e adolescentes em acolhimento, especialmente daquelas com poucas chances de reintegração familiar ou adoção.

 

Estabelecendo vínculos: apadrinhamento afetivo


O Apadrinhamento Afetivo, uma das modalidades-chave do programa, visa estabelecer vínculos afetivos seguros e duradouros para as crianças e adolescentes afastados de suas famílias de origem por tempo indeterminado. Por meio do cadastramento, seleção e preparação de padrinhos e madrinhas voluntários, o programa proporciona a esses jovens a oportunidade de convivência familiar e comunitária. Não se trata apenas de um gesto de caridade, mas sim de um comprometimento ético no exercício da alteridade, onde há troca de afeto, amizade e amor.

 

A modalidade exige uma preparação cuidadosa por parte dos padrinhos e madrinhas. “O processo é iniciado a partir de uma formação, conhecida como Ciclo de Qualificação, além da análise da documentação, visita domiciliar e estudo psicossocial. Toda essa preparação é fundamental para que os padrinhos estejam aptos a proporcionar convivência familiar e comunitária aos seus afilhados”, explica a coordenadora do Programa, Ana Clara Cunha Sisterolli.

 

“Os vínculos entre padrinhos e apadrinhados são estabelecidos a partir de um processo de pareamento, realizado pela equipe psicossocial do programa. Ele se dá início a partir do cruzamento de perfil entre padrinhos habilitados e acolhidos indicados. A partir desse cruzamento de perfil, desse “match”, os possíveis candidatos a padrinho e a apadrinhado são convidados a se conhecerem e, caso concordem, os primeiros encontros são sempre monitorados pela equipe técnica do apadrinhamento e dos serviços de acolhimento”, explica a coordenadora.  “Apenas quando se avalia que os encontros fluíram bem, e que há o desejo mútuo do estabelecimento de um vínculo, é que o apadrinhamento afetivo é oficializado e passa a transcorrer de fato. E é aí que essa relação tão potente vai sendo construída, dia após dia”, justifica. O monitoramento da relação é constante, com reuniões bimestrais e acompanhamento mensal da equipe técnica.


Superando desafios e fortalecendo laços

A analista de tecnologia Inara Cristina Martins Santos, uma das madrinhas afetivas do programa, compartilhou sua experiência: "Há alguns anos, tive a oportunidade de ministrar cursos de formação profissional para jovens que residiam em abrigos e, através desta convivência, surgiu a vontade de pertencer e continuar contribuindo de outras formas. Há dois anos fazendo parte deste programa de apadrinhado afetivo, eu mais aprendi do que ensinei. É nítido o quanto um simples compartilhamento de tempo e atenção pode ser transformador".


Entre os momentos mais marcantes de sua experiência como madrinha, Inara destaca o primeiro passeio que fizeram sozinhas, juntas, ao MC Donalds, para comemorar o aniversário de 15 anos da afilhada. “Para mim foi uma surpresa e nos divertimos bastante. De lá para cá são muitos passeios, conversas, conselhos, abraços e momentos compartilhados”, afirma.

 

“O Programa de Apadrinhamento Afetivo me trouxe um novo olhar, enquanto cidadã. Através dele, pude perceber o quanto podemos oferecer e, também, receber dessas crianças e adolescentes acolhidos”, expressa Inara. Ela destaca a importância de oportunizar experiências positivas de vida e auxiliar na construção de novos vínculos afetivos. “Juntos, podemos vivenciar experiências corriqueiras típicas de crianças, como passear, fazer atividades fora do abrigo e comemorar datas importantes para eles. É sobre ser uma presença segura e confiável, proporcionando um mínimo de convivência familiar”, acrescenta.

 

No entanto, Inara reconhece os desafios que surgem ao estabelecer e manter um vínculo afetivo com uma criança ou adolescente que passou por situações de vulnerabilidade. “Creio que o maior desafio é não se envolver emocionalmente, ao ponto de não saber impor limites, dizer não e ensinar-lhes que para tudo na vida existe o tempo certo, o valor apropriado e que é possível conquistarmos o mundo, desde que lutemos por isso”, reflete.

 

Apesar dos desafios, a parceria entre Inara e sua afilhada é marcada pela confiança e pela construção de uma base sólida. “Eu e minha afilhada somos super parceiras, trocamos experiências de vida, ela me conta seus planos futuros, eu a aconselho dentro do que julgo importante para ela”, compartilha Inara. Ela também destaca uma conquista recente que contribuiu para o desenvolvimento social e profissional de sua afilhada. “Há um ano, consegui um ‘jovem aprendiz’ para ela e tenho certeza que também tem ajudado muito no seu crescimento social e profissional, e que ela levará para toda a vida esses conhecimentos e oportunidades.”

 

Além do afeto: serviços 


Além do Afetivo, a Missão Sal da Terra também oferece o Apadrinhamento de Serviços, onde pessoas físicas ou jurídicas podem oferecer serviços especializados para as crianças e adolescentes acolhidos.

 

Rovena Galvão, psicopedagoga e madrinha de serviço desde 2022, compartilha sua perspectiva sobre a importância do apoio especializado nas demandas escolares das crianças e adolescentes acolhidos.

 

“Depois das minhas experiências, acredito categoricamente que as crianças e adolescentes acolhidos precisam de um olhar especial, constante e especializado nas demandas escolares”, afirma Rovena. Ela ressalta que essa clientela especial enfrenta experiências de vida traumáticas desde tenra idade, o que torna crucial o apoio não apenas acadêmico, mas também socioemocional. “Dominar os conteúdos continua sendo importante, mas as habilidades socioemocionais precisam ser consideradas de extrema importância, para que possam lidar com os relacionamentos e suas próprias emoções”, destaca.

 

A psicopedagoga observa atentamente o desempenho acadêmico dessas crianças e adolescentes, ciente da influência do ambiente escolar em seu desenvolvimento. Ela destaca a importância de analisar como as escolas contribuem para minimizar as lacunas no desenvolvimento desses jovens. “Presencio situações em que a escola deixa de estimular essa clientela, ou não apoia de maneira adequada, para que tenham um bom rendimento escolar”, lamenta.

 

As dificuldades de aprendizagem e comportamentais são únicas para cada apadrinhado, o que demanda um plano de ensino individualizado e técnicas específicas. "As crianças e adolescentes do programa de apadrinhamento precisam de empatia, amor. Acredito que não entendem por que estão ali e por que foram negligenciadas, sendo importante que elas se sintam acolhidas e amadas por seus padrinhos afetivos", ressalta Rovena.

 

Outras modalidades

 


Existem ainda outras formas de contribuir com o serviço. O Apadrinhamento Provedor é a modalidade que possibilita suporte material, financeiro ou de insumos para crianças e adolescentes em acolhimento, suprindo necessidades diárias ou especializadas que não podem ser custeadas pelo poder público. Doações de bens duráveis e não duráveis, investimentos em estrutura física, patrocínio de cursos profissionalizantes e tratamentos de saúde são algumas das formas pelas quais padrinhos e madrinhas podem contribuir. A equipe do Programa intermedia cada doação, garantindo transparência na prestação de contas, assim como possibilita contribuições mensais fixas ou a compra de itens para campanhas temáticas.

 

Voluntários Parças, como são chamados os padrinhos e madrinhas em outra modalidade, são parceiros ativos do Programa de Apadrinhamento, prontos para contribuir de diversas maneiras para o bem-estar das crianças e adolescentes acolhidos. Esses voluntários dedicam seu tempo participando na organização de eventos, atividades pontuais de arrecadação, captando novos padrinhos, doações e muito mais!

 

Tanto no Apadrinhamento Provedor quanto no Voluntário Parça, a essência é o compromisso em proporcionar uma vida melhor para as crianças e adolescentes em acolhimento. Seja por meio de doações materiais, apoio financeiro, tempo dedicado em atividades e eventos ou participação ativa nas iniciativas do Programa, cada padrinho e madrinha contribui de maneira significativa para garantir o desenvolvimento integral e o bem-estar desses jovens, fortalecendo laços afetivos e promovendo oportunidades de crescimento e inclusão social.

 

Intercorrências

 

Vale salientar que a Missão Sal da Terra também está preparada para lidar com casos de desligamento ou substituição de padrinhos/madrinhas durante o processo de apadrinhamento, garantindo que essas situações sejam tratadas com cuidado e respeito, visando sempre o bem-estar dos acolhidos.  “Felizmente, os casos de desligamento são minoria, dado que o processo de construção de vínculo, como já elucidado, é um processo cuidadoso, planejado individualmente pela equipe e que leva tempo para acontecer”, esclarece Ana Clara. 

 

Mas a coordenadora alerta que esse é um processo delicado e desafiador, com muitos percalços. “Dizemos que é uma missão muito nobre, porém, exigente: exige paciência, dedicação, tempo, generosidade, disposição, tolerância. E um tanto de resiliência e coragem. Nem todos dispõem desses requisitos ou estão aptos, no momento, para assumir essa grandiosa função. Por isso, o papel da equipe técnica é tão fundamental para contribuir com o processo. E, em situações de desligamentos, temos buscado compreender o que, do ponto de vista individual, situacional e conjuntural, contribuiu para o enfraquecimento do apadrinhamento, a fim de evitarmos cada vez mais situações semelhantes”, diz.

 

O Programa de Apadrinhamento da Missão Sal da Terra é uma missão de amor, solidariedade e justiça social, que tem como objetivo transformar vidas e promover o desenvolvimento de crianças e adolescentes que tanto precisam. Com uma equipe qualificada e comprometida, a Missão Sal da Terra segue firme no propósito de fazer a diferença na vida dessas crianças e adolescentes, construindo um futuro mais digno e promissor para todos.

 

 

 

 

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